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domingo, 6 de dezembro de 2015

Carta ao Tempo


Oi querido? Como está? Não venho aqui hoje para dizer que estou mais velha a cada dia, mas para te lembrar de um ciclo que me fez viver por cinco anos, lembra? Cinco anos que desejo apagar, sabe do que estou falando, não é? Lembra das horas lentas que não passavam? Deixe-me refrescar sua memória e contar tudo que lembrei hoje:
Lembrei das noites chuvosas ao som do Victor & Leo pensando em você, das lágrimas que derramei no banheiro da escola, esperando que ninguém da cabine ao lado escutasse meus soluços, dos passos dados na rua enquanto caminhava por meia hora para ter que chegar em casa cansada e cheia de raiva e tristeza, dos sonhos que tive que adiar, das promessas que tive que quebrar a mim mesma, dos dias reclamando da prova que eu sabia não teria nota boa.
Mergulhei no mais fundo de mim, rasguei meu coração em mil pedaços para tentar fugir em vão. Ainda tenho cicatrizes profundas desse tempo: olho do lado contrário aquele lugar sempre que passo por lá, detesto ouvir músicas da época ou que alguém ali gostava, acho insuportável os sorrisos falsos dados a mim por aqueles tipos e ainda quero queimar os vestígios da pior época da minha vida!
A verdade é que levei na cara, na alma, no coração, mas quase não perceberam, anestesiada com música, disfarcei bem com sorrisos, maquiagem e café, o mais forte que conseguia tomar.
Pois é, meu amado tempo, você foi cruel comigo, mas não se preocupe, se hoje sou mais forte, corajosa e menos ingênua também é culpa sua e unicamente por isso, te agradeço!
Beijos!

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